terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O envelope rasgado...
Ainda existem homens de honra!

Por João Ricardo Nogueira

Era um belo dia de sábado, e eu estava em meu plantão de vendas aguardando um cliente que havia marcado comigo. Não demorou muito e o Seu Renato (como o chamo), chegou ao local combinado.

Na verdade, o Renato já havia estado lá antes de eu chegar, mas, não por hábito meu, naquele dia me atrasei. Logo que chegou, percebi que o mesmo não estava com nenhum envelope ou documento em mãos. Achei estranho, pois dias antes ele havia convencionado comigo a compra de um apartamento, e neste dia deveria trazer a documentação para concretizarmos o negócio.

Uma pausa aqui, pois você deve estar se perguntando: - o que o João está fazendo, não é?  Pois é, depois de algumas primaveras, resolvi ser também Corretor de Imóveis. Tem sido uma ótima experiência, ganha-se bem e  tem-se muita liberdade. Alguns dias resolvo que vou descansar e simplesmente fico em casa.  Achei ótimo isso, rs.

Voltando ao Renato, o mesmo, logo que se assentou jogou-me um balde de água fria, dizendo que não mais fecharia o negócio que havíamos acertado. Fiquei triste, mas lhe disse que não havia problema algum, mas quis saber o que havia acontecido. O Renato com toda a paciência que lhe é peculiar, resolveu me explicar seus motivos, me contou que estaria atendendo a um pedido de sua filha, que, alegando a ele motivos pessoais com a imobiliária que eu representava naquele momento, lhe pediu para não fechar o negócio.

Apesar da má notícia, entendi a situação, e lhe disse que não teria problema algum, e que, de qualquer modo continuaria à disposição, caso no futuro precisasse de meus serviços, e neste momento o Renato me entregou um envelope, dizendo que havia gostado muito de meu atendimento, e que não achava justo que eu fosse prejudicado. De pronto recusei e disse que ele não me devia nada, mas o mesmo insistiu que eu deveria aceitar ou ficaria chateado comigo, e assim resolvi receber o envelope.

Neste momento, ele me disse que tinha dado sua palavra que compraria de mim o apartamento, e que, por isso, se sentia na obrigação de me remunerar por meu atendimento. Fiquei feliz com o elogio e o agradeci, acreditando ter recebido algum valor simbólico. Quando cheguei em casa, resolvi rasgar o envelope e vi que no mesmo havia um cheque de R$1.800,00, exatamente o valor que eu receberia de comissão na venda daquele apartamento.

Aristóteles certa vez disse que:
 “A grandeza não consiste em receber honras, mas sim em merecê-las.”

Concordo com Aristóteles, mas concordo mais ainda com a Bíblia quando afirma, em Romanos 13:7, que devemos dar honra a quem tem honra. E por isso resolvi contar publicamente aqui esta história, para honrar o Sr. Renato de Muraro Delanhesi. Afinal é uma das poucas pessoas que ainda hoje sabe o significado de dar a palavra, ou, como dizem os mato-grossenses,  “fazer um acordo no fio do bigode”...