domingo, 16 de setembro de 2007

"GLOBO, A GENTE NÃO SE VÊ POR AQUI!"

Por João Ricardo Nogueira

O titulo resolvi clonar da campanha da CONAQ, entidade representante das comunidades Quilombolas, que lançou na internet uma carta convocatória contra a renovação da concessão da Rede Globo de Televisão que vence no próximo dia 05 de outubro. (Carta Convocatória segue após este artigo).

Parando um pouco para refletir este assunto, fiquei intrigado com tanta coisa que começa a fazer sentido após esta informação, de fim da Concessão da Rede Globo e de várias outras empresas que também vencem este ano. Informação esta sonegada a todos, por toda a grande mídia nacional, salvo a internet como instrumento ainda livre de manipulação, e de domínio realmente público.

Além disso, recentemente recebi um recado pelo Orkut de meu amigo Henrique Hettwer, (diga-se de passagem, um grande camarada), com um vídeo do YouTube, que segue abaixo o link* aos interessados, mas que me intrigou ainda mais, pois o mesmo é de uma matéria da TV Bandeirantes, onde revela um grande esquema envolvendo o Grupo Abril, que é o proprietário da Revista Veja.

Voltando a questão da Concessão da Rede Globo, de acordo com a Constituição de 1988, as concessões públicas das emissoras de rádio valem por 10 anos e as de TV por 15 anos. A da Rede Globo vence no dia 5 de outubro. Para que aconteça a renovação da concessão, o Poder Executivo precisa encaminhar o pedido para o Senado Federal, que pode aprová-lo com o voto de 3/5 dos senadores. Caso o governo decida não renovar a concessão de uma emissora, o ato do Executivo será submetido ao Congresso Nacional, que poderá aprovar a não renovação com os votos de 2/5 dos parlamentares.

Talvez apenas uma grande coincidência assim eu espero, mas no mínimo intrigante o fato da renovação dos meios de comunicação em nosso País, segundo a Constituição, ter que passar pela aprovação justo do Senado Federal, mais ainda saber da podridão em que esta envolvido o Grupo Abril, que como já disse é dono da Revista Veja.

Sou obrigado a lembrar do caso Renan Calheiros, atual Presidente do Senado, e recentemente envolvido em uma acirrada disputa com a Revista Veja, que o acusa insistentemente de ter cometido várias ilegalidades. Não vou entrar no mérito, para não perder o foco deste artigo, e por que a mim não cabe julgar se o Senador é vítima ou culpado das acusações a ele imputadas pela Revista Veja.

Quero aqui lembrar que alem da Veja, a Rede Globo também cumpre papel de líder nesta grande luta contra o Senador, e como sempre dita a linha das matérias jornalísticas de toda a grande mídia nacional. O que me estranha, é o fato da grande mídia nacional der repente, ter tido uma grande crise de consciência que a levou a ser a grande defensora da moralidade neste País, chegando ao ponto, de transformar em uma novela nacional, um caso extraconjugal enquanto nas novelas reais faz apologias a todo tipo de atos imorais.

Recordo-me, de vários episódios, bem mais graves inclusive, como por exemplo, o caso da compra de votos para a reeleição de FHC, que teria pagado até R$ 200.000,00 por cada voto para garantir a aprovação no parlamento de sua reeleição, que praticamente ficou abafado, se compararmos à repercussão do recente escândalo do mensalão, que pagava R$ 30.000,00 por voto. Claramente uma atitude de dois pesos e duas medidas.

Ato muito louvável em minha opinião, a mídia cumprir seu papel de bem informar a população, inclusive denunciando os atos ilícitos sejam onde for, mas principalmente quando se trata do erário público.

Mas ao que me parece, a grande mídia nacional, cumprindo o nobre papel de Paladina da Moralidade, faz é mandar um claro recado ao Senado Federal e a toda a classe política, “Nós é que ditamos as verdades neste País”, portanto nem pensem em mexer em nossas concessões.

Digo isso pela simples observação dos fatos, que infelizmente não me deixam acreditar que logo agora, nas vésperas de uma data tão importante, der repente e coincidentemente tenha se abatido na grande mídia nacional, esta nobre moralização de sua linha política.

Que me desmintam ser for o caso, mas pelo que sei, sempre esteve ao lado do poder, seja ele qual fosse o perfil ideológico e político, chegando ao cumulo inclusive de defender até mesmo a Ditadura Militar neste País.

Por todos os fatos aqui relatados, fico muito a vontade em não só apoiar a campanha da CONEQ, como em repetir uma palavra de ordem que se tornou comum em alguns comícios pela Campanha das Diretas Já, quando a Rede Globo insistia em boicotar a campanha.

“O povo não é bobo. Abaixo a Rede Globo”.

*Link da matéria acima citada:
http://br.youtube.com/watch?v=4WhJPwXgXnQ&feature=PlayList&p=F2F7578F218B522D&index=0



CARTA CONVOCATÓRIA

A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas - CONAQ, entidade representativa das comunidades quilombolas de todos os estados da Federação, convoca todas as entidades e movimentos sociais para construir o Dia Nacional de Repúdio à Emissora Rede Globo de Televisão.

A nossa proposta é que o próximo dia 05 de outubro de 2007 fique marcado pela manifestação "GLOBO, A GENTE NÃO SE VÊ POR AQUI!", que irá expressar a indignação dos movimentos sociais criminalizados, direto ou indiretamente, por essa emissora.

Nós, quilombolas, estamos vivenciando, como outros movimentos, de uma investida da Rede Globo com matérias que negam a nossa identidade étnica e contra o decreto 4887/03, que regulamenta o processo de titulação dos territórios de quilombos.

Questionamos:

o O jornalismo da Rede Globo, pois possui uma postura tendenciosa a serviço das oligarquias, cujos interesses sempre entram em conflito com os interesses das classes populares;

o A formação da opinião pública dessa mídia, já que essas matérias acabam contribuindo para um maior desconhecimento da luta dos quilombolas e de outras lutas, desarticulando os diversos movimentos;

o O ineficiente controle que todos os poderes públicos e sociedade possuem em relação a esta emissora, já que não se sabe quando se renova as suas concessões, não há fiscalização se os Direitos de Respostas são cumpridos, não há punições em relação às distorções cometidas, entre outras.

Sugerimos que neste dia (05 de outubro) sejam realizadas atividades, nas quais se discutam sobre o papel da Rede Globo na sociedade brasileira, analisando como essa emissora desrespeita a diversidade dos movimentos sociais e de entidades.

A nossa postura política representa um ato de repúdio ao abuso de um grupo de mídia privado que se utiliza da concessão pública para descredibilizar aqueles e aquelas, que há mais de 500 anos, constroem a história desse país.

Contamos com a sua adesão.



sábado, 15 de setembro de 2007

Nosso Destino

Por João Ricardo Nogueira

Quem quer manipular nosso destino? Hoje não precisam mais de armas e tanques de guerra. Acabou a Ditadura, acabou a Guerra Fria, acabou a disputa de ideologias. Será?

Hoje nosso destino esta a venda, quem vai pagar mais? Basta contratar um bom marketeiro, basta pagar um bom cachê, fazer o quê, hoje é tempo da informação, da dominação pela formação, ou deformação depende do ponto de vista, e do interesse de quem capitalista.

Hoje nossos jovens, estão presos ao computador, à internet, e a marionetes da televisão, que fazem um grande refrão pra convencer o povão, de que tudo esta bom, mexe não.

Com uma capacidade voraz, faz e desfaz, mas nada faz, apenas finge que faz. Numa mesma situação transforma o mesmo cidadão em nosso herói ou nosso vilão, vai depender do mensalão?

A cada dia um novo problema, uma nova equação, um novo dilema na mão da população. Será que vão cassar? Ou será que vão casar? O político Ladrão, ou o mocinho da Televisão, depende da fonte da informação, ou será desinformação?

Depende do interesse de manipulação, afinal quem vai pagar quem vai comprar a consciência do povão, quem vai garantir o mensalão? Quem sabe, faz que não sabe, e quem acha que sabe, é o que menos sabe. Mas é o que no final da história, é a causa e o efeito, o resultado e a motivação que levam a mesma grande manipulação.

Chega!!! Não é possível que ninguém perceba. Pois mesmo com toda essa grande maestria, capaz de transformar a própria realidade, não é possível que vez ou outra, não tenhamos um minuto de sanidade que nos permita ver a verdade.

Ou chegamos à situação crítica de dependência psíquica desta verdadeira Matrix, da qual não queremos acordar, por termos a leve sensação de que não será tão bom, quanto à ilusão em que estamos, ou de fato já temos esta certeza com clareza de nossa real situação, mas sem aceitação.

Não sei, só sei que o tempo passa, e por inércia perdemos o bonde, mas graças a Deus ainda tem salvação, pois vês ou outra, temos nova chance, e podemos mudar de novo nossa situação, pois basta dar com a mão, no ponto da eleição, e quem sabem desta vez pegamos o bonde, e assim tenhamos a chance de assumir a direção de nosso futuro, e do da nação. Pois chegou à hora de sairmos da inércia e partirmos para ação, pois como disse John Lennon:

“A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro.”

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Restrição ao “Passe Livre”

A quem de fato interessa restringir o benefício

Por João Ricardo Nogueira

Na Sessão Planária de 13 de setembro, a Câmara Municipal de Cuiabá, aprovou por 14 votos e em Regime de Urgência um Projeto de Lei que restringe o horário do Passe Livre.

Citado nos artigos de 151 a 153 do Regimento Interno da Câmara Municipal de Cuiabá, “O regime de urgência simples será concedido pelo Plenário por requerimento de qualquer Vereador, quando se tratar de matéria de relevante interesse público que exija, por sua natureza, a pronta deliberação do Plenário.”(Art. 153). Diz também no Parágrafo 1º do Artigo anterior, que “O Plenário somente concederá a urgência especial quando a proposição, por seus objetivos, exija apreciação pronta sem o que perderá a oportunidade ou a eficácia.”

Pois bem, gostaria de entender qual a urgência, neste caso, que impediu que os Vereadores eleitos para representar os “Interesses do Povo” usassem dos meios de tramitação normal, dando assim oportunidade à sociedade organizada, principalmente às entidades estudantis, que tivessem conhecimento prévio desta pauta, tendo em vista que a mesma nem constava na pauta da referida sessão.

Mas o que mais me intriga é não conseguir enxergar onde está o relevante interesse público que levou mais de 2/3 dos Vereadores de Cuiabá, ou seja, 14 dos 19, a agir tão rapidamente na suposta defesa dos interesses da coletividade cuiabana.

Realmente fica muito difícil engolir tudo isso, ainda mais para mim que participei diretamente desta conquista. E olha que não foi uma conquista fácil. O passe livre foi implementado depois de cinco gigantescas passeatas, reunindo cada uma delas cerca de 10 mil pessoas, durante o ano de 2001, quando tive a honra de Presidir a Associação Cuiabana dos Estudantes Secundaristas – ACES, entidade que, juntamente com seus Grêmios afiliados, comandou as mobilizações pela conquista do Passe Livre.

Mas uma coisa eu posso aqui afirmar, os estudantes não se calarão diante dessa tentativa de golpe fascista e covarde de alguns Vereadores, que não deixam claro a interesses de que ou de quem conduzem esta manobra sorrateira. Pois com certeza não é em beneficio da Sociedade Cuiabana.

Agora vamos ver qual será a posição do Prefeito Wilson Santos. Será que repetirá o nobre gesto de Roberto França, que em 1999 se sensibilizou com os estudantes e vetou uma Lei que também, na época, foi aprovada em regime de urgência pelo legislativo municipal e revogava a meia-entrada. O veto de França garantiu a continuidade do benefício.

Ou será que o Prefeito Wilson Santos se renderá aos interesses que, parece-me, seduziram 14 vereadores de Cuiabá, e irá representá-los ao invés de representar os interesses do povo cuiabano?

Quero acreditar que o Prefeito Wilson Santos, até por sua origem e história política, não cederá à esses interesses e cumprirá sua palavra dada em entrevista coletiva, ocorrida em 23 de novembro de 2005, na qual inclusive eu estive presente e me lembro muito bem, quando afirmou categoricamente que não mexeria no Passe Livre e que o beneficio estava assegurado até o final de seu mandato como Prefeito de Cuiabá.

Prefeito Wilson Santos, vete este projeto de Lei, cumpra com sua palavra, e reconquiste o respeito dos movimentos estudantis, hoje em clara oposição à sua gestão.

Artigo também publicado no site Olhar Direto.