terça-feira, 25 de março de 2008

"Neste luto, a luta começou"


Por João Ricardo Nogueira*

"Pode-se dizer que tudo começou ali - se é que se pode determinar o começo ou o fim de algum processo histórico. De qualquer maneira, foi o primeiro incidente que sensibilizou a opinião pública para a luta estudantil. Como cinicamente lembrava a direita, era o cadáver que faltava".
(trecho do livro 1968 - O ano que não terminou, de Zuenir Ventura)


Há 40 anos, no dia 28 de março de 1968, durante confronto entre estudantes e a polícia no restaurante Calabouço, centro do Rio de Janeiro, com um tiro no coração, morria o primeiro estudante assassinado pela ditadura, o estudante Édson Luís de Lima Souto, baleado no peito pelo comandante da tropa da PM, o aspirante da polícia Aloísio Raposo.

Logo após o assassinato, o corpo de Édson Luís, foi levado até a Assembléia Legislativa, onde o velaram, e de onde cerca de 50.000 pessoas o acompanharam em passeata, até o Cemitério São João Batista, onde foi sepultado.

A frase de uma mãe que presenciou o enterro do estudante entrou para a história: "podia ser meu filho". O assassinato do jovem causou indignação geral, os presentes no sepultamento ouviram o juramento dos estudantes: "Neste luto, a luta começou".

No período que se estendeu do velório até a missa da Candelária, realizada em 2 de abril, foram mobilizados protestos em todo o país, principalmente no Rio de Janeiro, Goiânia e Brasília.

Sua morte marcou o início de um ano turbulento de intensas mobilizações contra o regime militar que endureceu até decretar o chamado AI-5.

No dia 26 de junho de 1968, uma manifestação de protesto pelo assassinato de Édson Luís, reuniu milhares de pessoas no centro do Rio de Janeiro, na região conhecida como Cinelândia.

A manifestação que veio a ser conhecida como Passeata dos Cem Mil, representou um dos mais significativos protestos no período ditatorial do Brasil, designado por Anos de chumbo.

Durante a manifestação, os estudantes não cansavam de repetir:
"MATARAM UM ESTUDANTE. PODIA SER SEU FILHO".

Relembrar essa fatídica história, mais do que contar a luta dos estudantes, e honrar a memória daquele que veio a se tornar um mártir do movimento estudantil brasileiro, tem a intenção de mostrar, o quanto custou o direito a liberdade de expressão e a democracia em nosso país, que hoje é tão mal exercido.

Mal exercido, pelo simples fato de não darmos o devido valor ao nosso voto, direito conquistado com a vida de muitos Édson’s, e que hoje infelizmente se tornou objeto de barganha para aquisição de algum proveito pessoal, ou seja compra e venda de voto.

Ainda não compreendemos que o Voto, nada mais é do que uma Procuração, porém uma procuração dada em branco, para alguém nos representar por 4 ou 8 anos, como bem quiser. Você teria coragem de dar uma procuração a um desconhecido ou mesmo não acompanhar o que ele faz em seu nome?

Seja responsável por seus atos, deixe de colocar a culpa de todos os males sociais nos políticos, e assuma sua responsabilidade de cidadão, exerça seu direito com a consciência de que vidas foram dadas por esse direito. Lembre-se que seu voto não tem preço, mas terá conseqüências.

Finalizo este texto, afirmando que juntos podemos fazer a diferença, basta querer e fazer a nossa parte, pois como disse James Baldwin a Martin Luther King:

“Nem tudo o que enfrentamos pode ser mudado,

Mas nada pode ser mudado enquanto não for enfrentado.”

* João Ricardo Nogueira, foi Presidente da ACES – Associação Cuiabana dos Estudantes Secundaristas, e Presidente da AME – Associação Matogrossense dos Estudantes, tendo como principais conquistas durante seu mandato a frente do Movimento Estudantil, a reconquista da Meia-Entrada, e a conquista o Passe Livre em Cuiabá. (www.jrnogueira.blogspot.com)

Alguns sites que publicaram este artigo:

Site Olhar Direto

Site 24 Horas News

Site Mato Grosso Mais

Blog do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso

Jornal Página Única

KGM Comunicação, Marketing e Pesquisas

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A Antidemocracia da Educação em Mato Grosso

Por João Ricardo Nogueira

A Rede Pública Estadual de Educação abrange 141 municípios com 634 escolas, e atende a um total de 473.360 estudantes. Desse total, 36.508 estudantes estão matriculados na modalidade conhecida como Educação de Jovens e Adultos – EJA, segundo dados da Seduc.

Quero falar um pouco a respeito da EJA e do perfil de seu público-alvo, ou seja, os Estudantes Jovens e Adultos, que segundo a Seduc:

“Trata-se de um jovem ou adulto que historicamente vem sendo excluído...” “...O aluno da EJA tem uma característica de responder pelos seus atos e palavras, além de assumir responsabilidades diante dos desafios da vida.”

Além disso, as Diretrizes Pedagógicas do Programa de Educação de Jovens e Adultos – EJA, diz logo nas primeiras linhas estar “na busca de construção de uma educação emancipatória, democrática, inclusiva e de qualidade...”

Diante dos fatos descritos acima, que estão disponíveis no site do Governo do Estado citando a Seduc como fonte, me estranha muito o fato das escolas que atendem com exclusividade a EJA, nesta última eleição para Diretores, não tenham tido o direito de escolher seus gestores como nas demais escolas, tendo essas unidades de ensino um Diretor nomeado pela Seduc.

Afinal, a Seduc, mesmo reconhecendo se tratar de um público historicamente excluído e defendendo na teoria a busca da emancipação, inclusão e democracia para estes estudantes, não parece estar disposta a colocar em prática o que prega.

Aliás, isso nem me é tão estranho; pois depois de ver o próprio Governador, em seu primeiro mandato, dizer publicamente ser contra o Passe Livre e defender que “estudante tem que andar a pé”, e, ainda, reafirmar sua convicção contrária ao mesmo neste último ano, quando afirmou que vetaria o Programa Estadual de Passe Livre aprovado pela Assembléia.

Não duvidaria nada se essa decisão tivesse partido do chefe do executivo, afim de testar a reação da sociedade. Pois muito mais fácil seria para ele, poder mandar nomear Diretores em todas as 634 escolas do estado.

Particularmente não milito mais no Movimento Estudantil, mas fica aqui registrada a minha opinião, de que esse assunto merece uma resposta enérgica por parte das entidades estudantis e sindicais, pois hoje foi a EJA, amanhã poderão ser todas as escolas do estado.

Alguns sites que publicaram este artigo:
Site Olhar Direto

sábado, 5 de janeiro de 2008

O Futuro é agora!!!

Por João Ricardo Nogueira

Sou sempre eu mesmo, mas com certeza não serei o mesmo pra sempre, pois quando a gente pensa que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.

Mais um ano se inicia e novamente como sempre, todos fazemos planos e traçamos metas para o novo ano, eu não fujo a regra, também tenho meus sonhos.

Mas este ano, quero tentar algo diferente, não sei no que vai dar, mas ninguém sabe o futuro; o futuro esse é o problema...

Estamos muito acostumados a calendários, presos a datas e à um tempo virtual, pois o tempo real, é este que esta passando neste momento.

De que adianta fazermos tantos planos e metas para o futuro, se com isso esquecemos de viver o presente? Não quero defender que não façamos planos, mas sim que valorizemos o presente, pois o amanhã a Deus pertence, e nós não sabemos nem se estaremos aqui.

Este ano não quero as receitas de vida que sempre nos ensinaram, não quero ter que ser exemplo pra ninguém e nem seguir nenhum modelo, quero ser mais sincero comigo mesmo, seguir meu coração.

Cansei de ouvir dizer que a juventude é o futuro da Nação, ou que o Brasil é o País do Futuro. Eu não vivo no futuro e nem no passado, vivo hoje, vivo agora, em cada fôlego de vida que me é dado por Deus.

Por isso quero pedir perdão a qualquer um a quem possa ter ofendido, mas principalmente, quero pedir perdão a todos aqueles que não elogiei quando mereceram, ou a todas as amizades que não cultivei, todos os beijos que não dei, em fim todos os momento que me privei.

Encerro este texto sem sentido pra alguns, mas de muito significado pra outros com um trecho de uma música do Gonzaguinha que gosto muito.

“Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...”

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