Cristãos em dias de intolerância
Por João Ricardo Nogueira
Vivemos dias difíceis e
estranhos! Como as coisas ficarão, só o tempo dirá, mas eu tenho uma certeza,
tudo está debaixo da soberania de Deus. Ele está no controle e sua
vontade irá se cumprir, e nada mudará isso.
Estamos ferindo tantos
mandamentos da Palavra de Deus que fico sem saber por onde começar. As redes
sociais estão se transformando em arenas de batalha entre cristãos e estamos,
na verdade, reproduzindo aquilo que os nossos irmãos coríntios fizeram. Só
posso fazer a mesma pergunta de Paulo: “Acaso, Cristo está dividido?” (1 Co
1.13)
Se não deixarmos de lado nossas
diferenças e não nos unirmos para lutar pela justiça no nosso país, nós já
perdemos a guerra. Cada um tem uma perspectiva, interpretação e ações próprias.
Somos diferentes! E por mais incrível que pareça, isso é celebrado na Bíblia!
Paulo diz: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pedro 4.10). Deus nos fez
diferentes, e agimos de maneira diferente, debaixo da graça que ele nos
concedeu.
Não precisamos concordar com tudo,
mas não podemos desrespeitar nem denegrir um irmão, alguém por quem Jesus
morreu, reconheceu que era pecador e agora serve ao nosso Senhor, mesmo que de
forma diferente da minha. Precisamos ter em mente que, “Nossa luta não é contra
o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os
dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas
regiões celestes” (Ef 6.12).
Portanto, embora a indignação
contra os desmandos e a endêmica corrupção geral na política brasileira seja
legítima e necessária, mas ficarmos escandalizados, perplexos porem desunidos e
imobilizados não contribui em nada e nem faz justiça à verdade. Na batalha
entre o reino de Deus e o reino da perdição, a tarefa do cristão é derrotar o
demônio e empurrá-lo para fora desse domínio. É afirmar o senhorio de Jesus
Cristo na história. A luta por um sistema mais justo e por leis mais justas,
não pode ser travada às custas do esquecimento de que é necessária a graça de
Deus para transformar o velho homem. E que qualquer mobilização ou ação
política deve começar de joelhos.
Mas, infelizmente o que estamos
vivenciando, é um triste período em que o clima crescente de ódio e
intolerância ao contraditório político. Inclusive entre os crentes. Quem apoia
o governo não merece mais estar na lista de contatos, é bloqueado ou banido nas
redes sociais. "Nem merece ser chamado de cristão, Muito menos de irmão." "É um Marxista
dissimulado, esquerdista, chavista-bolivariano!" Na outra ponta, "os riquinhos, coxinhas,
reacionários, classe média alienada, golpistas e facistas." "Essa gente
elitizada, não está nem aí para a injustiça social do nosso país!" Aqui vale
uma pausa para reflexão. Jesus foi preso e executado como uma persona non grata
tanto para César quanto para o Sinédrio!
Como cristão minhas referências
ideológicas são de esquerda, pois ao meu ver, cristão é um adjetivo dado
aqueles que seguem as ideias de Jesus Cristo. Em se tratando de Direita e
Esquerda não consigo compreender como ser cristão sem, contudo, compartilhar as
ideias básicas de Cristo. Particularmente, não consigo entender a visão de
alguns cristãos se colocarem contrários aos ideias de Esquerda, como se essas
fossem "diabólicas". Digo isso porque se analisarmos, ainda que
superficialmente, a vida de Jesus Cristo e de seus seguidores (cristãos
primitivos) veremos com muita facilidade se Jesus era de Direita ou de
Esquerda.
A linhagem teórica que reúne a
esquerda, é o seu ideal de igualdade social, em contraste com a direita que
enfatiza o ideal da liberdade individual. Esses termos podem ser imprecisos,
mas constituem um ponto de partida para a distinção (ao final trarei as definições).
Existem casos em que os dois ideais são compatíveis e complementares, outros em
que podem excluir-se reciprocamente, e existe a terceira possibilidade: a de
buscar o equilíbrio. Com efeito, nenhum dos ideais pode ser realizado
completamente sem limitar o outro. No entanto, a esquerda democrática considera que a liberdade efetiva
para todos é possível somente por meio de um certo grau de igualdade.
A democracia tem como elemento
central a igualdade “política”. O paradigma liberal afirma que o livre mercado
e a democracia não entram em contradição, que existe uma afinidade de valores
entre os dois. No entanto, existe um problema fundamental no paradigma liberal,
pois o livre mercado limita os que não têm força social para afirmar a sua
liberdade. Esta é uma das críticas mais contundente que a esquerda propõe: quem
não tem escolha real está submetido à precariedade e à vulnerabilidade.
Portanto, há uma tensão inerente ao paradigma liberal, pois
a desigualdade econômica mina os direitos políticos e civis.
Podemos colocar a mesma crítica
em termos bíblicos. Uma das caracterizações mais centrais da Bíblia a respeito
do ser humano é a condição “caída” dele, ou seja, seu afastamento de Deus e
consequente tendência ao pecado e à desintegração interior. Essa é uma das
condições mais niveladoras da humanidade: “todos nós” somos pecadores. Essa
“comunhão” universal humana no pecado é uma das grandes justificativas da
democracia: ninguém merece ter poderes ilimitados e não supervisionados sobre
os seus semelhantes.
Apesar disso, o cristianismo, no
decorrer da história, foi frequentemente usado para defender ideais de
desigualdade. Porém, o princípio da igualdade é como a medicina para nós: é
boa, não porque seja necessariamente agradável, mas porque estamos doentes.
Devido à natureza caída do ser humano, onde houver desigualdade, haverá
opressores e oprimidos. Por isso, “amar ao próximo como a si mesmo” inclui, na
medida do possível, o esforço para quebrar as estruturas desiguais que
engendram a opressão.
No campo da esquerda política, o
valor principal é a busca pela igualdade social. Afinal, a liberdade somente se
torna efetiva em conjunto com um certo grau de igualdade. Somente assim, o
princípio fundamental da democracia, a saber, a igualdade política, se realiza.
Porém vemos, cada vez mais, as instituições globalizadas não eleitas ditando as
regras para governos nacionais, muitas vezes à custa do bem-estar da população.
E vemos governos se tornando reféns cada vez mais do poder financeiro e
econômico. Não é difícil perceber como a desigualdade prejudica a democracia.
Há muitos outros argumentos
cristãos que podem ser usados a favor de posições políticas que se costuma
chamar de “esquerda”. Há, também, argumentos cristãos para defender posições de
direita. Tenhamos, então, um debate adulto no meio cristão, sem questionar a
sinceridade e, muito menos, a condição cristã do outro lado. Entre a revelação
bíblica e as opções políticas de hoje, há uma longa “ponte hermenêutica” a
atravessar, e, ao atravessá-la, podemos tentar compartir com os outros
caminhantes um pouco da luz que temos e estar abertos para receber deles um
pouco da luz que talvez possuam.
Não temos somente uma reputação a
zelar, mas uma reputação a zerar!
Definições:
A origem dos termos de direita ou
de esquerda, utilizadas na definição dos partidos políticos, remonta à
Revolução Francesa, onde os membros do Terceiro Estado, que almejavam uma
mudança na forma de governo vigente, se sentavam à esquerda da assembléia,
enquanto os do clero e da nobreza, que desejavam a conservação da forma de
governo, se sentavam à direita. Grosso modo, hoje podemos assim classificar:
→ Esquerda:
Basicamente trata-se de uma
posição ideológica que defende práticas voltadas a uma sociedade mais
igualitária. Defende uma melhor redistribuição de renda e respeito as
diferenças e prega mudanças na realidade socioeconômica em prol da
coletividade.
→ Direita:
Basicamente trata-se de uma
posição ideológica conservadora e defensora, hoje, do Neoliberalismo Econômico.
Defende a meritocracia e a manutenção da realidade socioeconômica em prol da
individualidade.
Nota:
Este é um artigo de opinião, portanto pretende abordar o tema pelo meu ponto de vista, porém deixo claro que existem outras opiniões sobre o tema.
Um comentário:
Bom dia meu amigo,
Vc foi muito feliz em se texto porém a maioria está preparada para esta análise? Pelos acontecimentos creio que não, então temos que pedir a Deus que ilumine nossa pátria proteja nossa população de nós mesmos e que tenhamos os ensinamentos do Cristo Jesus em nossos corações para que não tenhamos consequências funestas aos mais desprotegidos.
Como dizem todo o tipo de energia que emitimos ao universo, ele nos devolve na mesma quantidade e força.
Essa é uma lei imutável " pensemos nisso".
Abraços!
Fernando Ramos
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