quinta-feira, 19 de junho de 2025

 

Por que Jesus não dava o Dízimo?
Uma análise bíblica sobre o equívoco da Teologia da Prosperidade

Por João Ricardo Nogueira


Um título provocativo, mas uma pergunta necessária…

Você já parou para pensar que Jesus, nosso maior exemplo de vida, não dava o dízimo? Isso soa estranho? Talvez até desconfortável? Pois é exatamente sobre isso que precisamos refletir.

Afinal, se muitos líderes religiosos hoje usam o dízimo como argumento para prometer bênçãos financeiras — e, não raramente, para enriquecer às custas da fé alheia —, precisamos fazer uma pergunta honesta e urgente:

Se o dízimo é um mandamento absoluto, universal e eterno, por que o próprio Jesus, que era judeu praticante, não o dava?

Este artigo não é um convite à rebeldia nem um discurso contra sustentar a obra de Deus. Ao contrário, acredito profundamente que todo cristão comprometido tem o dever moral e espiritual de ofertar, contribuir e sustentar sua comunidade de fé.

Porém, este é sim um convite à reflexão — e, por que não, à desconstrução — de discursos manipulativos, distorcidos e que servem mais aos interesses de líderes gananciosos do que ao Reino de Deus.

O que era o dízimo, de fato, na Bíblia?

Vamos começar pelo básico: o dízimo bíblico não era dinheiro.

O dízimo, na Lei de Moisés, era a décima parte da produção agrícola e dos rebanhos.

Grãos, azeite, vinho, frutas, animais — isso era dizimado.

Levítico 27:30 — “Todos os dízimos da terra, tanto dos cereais do campo como dos frutos das árvores, pertencem ao Senhor; são consagrados ao Senhor.”

Dinheiro não era dizimado, simplesmente porque a economia daquela época era majoritariamente rural e agrária.

Além disso, o dízimo tinha um destino claro:

- Sustento dos levitas e sacerdotes, que não tinham terras (Números 18:21-24).

- Manutenção do Templo.

- Assistência aos pobres, órfãos, viúvas e estrangeiros (Deuteronômio 14:28-29).


E Jesus, dava o dízimo?

Aqui vem a pergunta central:

Se Jesus era carpinteiro e o dízimo era exclusivamente sobre produtos da terra, Jesus dava dízimo?

Resposta honesta e bíblica: Não, Jesus não dava dízimo, porque a Lei não exigia isso de quem não produzia da terra.

Isso significa que Jesus negligenciava sua responsabilidade espiritual?

De forma alguma.

Ele cumpria outras contribuições, como o imposto do templo (Mateus 17:24-27) e participava das ofertas e festas judaicas, mas não dava dízimo porque não se aplicava à sua profissão.

 

E os judeus hoje? Ainda praticam o dízimo?

Outra pergunta desconfortável, mas necessária:

Se o dízimo é uma lei eterna, por que nem os judeus praticam hoje?

A resposta dos rabinos é direta: Sem Templo e sem levitas, o dízimo está suspenso.

Toda a estrutura do dízimo estava diretamente ligada ao funcionamento do Templo de Jerusalém, destruído no ano 70 d.C.

O que se mantém até hoje no judaísmo é o princípio da “tzedaká”, que significa caridade, justiça social, generosidade.

Ou seja, a responsabilidade de ajudar os pobres, sustentar a comunidade e financiar instituições de ensino, mas não existe mais a obrigação formal do dízimo.

 

Se o dízimo é obrigatório, então as 613 leis também seriam...

Vamos ao raciocínio lógico:

Se líderes da Teologia da Prosperidade dizem que o dízimo é obrigatório porque está na Lei,

então, por coerência, deveriam também guardar:

- O sábado,

- As festas judaicas,

- As leis alimentares,

- As regras sobre roupas, alimentos, sacrifícios,

...e todas as 613 leis da Torá.

Tiago 2:10 — “Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em um só ponto, torna-se culpado de quebrá-la toda.”

Não há espaço para escolher apenas o dízimo e descartar o restante.

 

A Teologia da Prosperidade — Um instrumento do inimigo?

Aqui está uma reflexão ainda mais séria e profunda:

A Teologia da Prosperidade não é apenas um erro teológico; é, na prática, um instrumento que serve aos interesses do inimigo de Deus.

Por quê?

Porque ela afasta as pessoas do verdadeiro evangelho, substituindo o chamado ao arrependimento, à conversão e ao discipulado por uma simples barganha financeira com Deus.

Transforma a igreja de Cristo em um clube social de interesseiros, onde:

- Não se busca o Reino de Deus,

- Não se busca transformação de vida,

- Não há compromisso com os valores do Reino, como amor, justiça, compaixão e serviço.

E quando se fala sobre:

- Pobres, órfãos, viúvas, justiça social, igualdade,

rapidamente vem o discurso:

- “Isso é coisa de esquerdista.”

- “Defender justiça social é coisa de comunista.”

Mas, ironicamente, era exatamente isso que Jesus fazia e pregava.

O verdadeiro evangelho é sobre amar ao próximo, repartir, servir, acolher, cuidar, perdoar, carregar as cargas uns dos outros.

Não é sobre enriquecer aqui, mas sobre acumular tesouros no céu.


O alerta mais sério de Jesus:

E a estes, que transformaram o evangelho em um mercado de bênçãos, Jesus fará um duro pronunciamento no dia do juízo:

Mateus 7:23 — “Então lhes direi claramente: ‘Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês que praticam o mal!’”

E mais:

Mateus 25:41-45 — “Porque tive fome, e vocês não me deram de comer; tive sede, e não me deram de beber; fui estrangeiro, e não me acolheram; necessitei de roupas, e não me vestiram; estive enfermo e na prisão, e não me visitaram.”

E eles perguntarão: “Senhor, quando te vimos assim?”

E Jesus responderá: “Sempre que vocês deixaram de fazer a um destes pequeninos, foi a mim que deixaram de fazer.”

Este é o choque brutal entre o evangelho verdadeiro e a falsa doutrina da prosperidade.

 

O que Jesus ensinou, então, sobre dinheiro, riqueza e contribuição?

- Nunca prometeu riquezas. Pelo contrário:

Mateus 6:24 — “Ninguém pode servir a dois senhores... Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.”

- Chamou o jovem rico a abrir mão de suas riquezas (Mateus 19:21).

- Advertiu sobre os perigos de acumular tesouros na terra (Mateus 6:19-21).

- Elogiou a viúva pobre, que deu pouco, mas com sinceridade (Marcos 12:41-44), e não aqueles que davam muito buscando reconhecimento.

O ensino do Novo Testamento é claro:

2 Coríntios 9:7 — “Cada um contribua segundo propôs em seu coração; não com tristeza, nem por obrigação; porque Deus ama a quem dá com alegria.”

Contribuir, sim. Por obrigação legalista, não. Por amor e responsabilidade, sempre.

 

Conclusão — Contribuir, sim. Ser enganado, não.

Se até mesmo Jesus, sendo judeu, não dava dízimo porque não se aplicava à sua profissão, como podemos aceitar que hoje, sob a Nova Aliança, líderes imponham esse mandamento isolado, arrancado de um sistema que nem mesmo o judaísmo moderno aplica mais?

Não. A igreja não é um mercado de bênçãos. O Reino de Deus não é uma loteria espiritual.

Sim, devemos contribuir. Sim, temos responsabilidade com nossa comunidade de fé.

Mas isso deve ser feito por amor, por gratidão, por compromisso com a missão — e não pela falsa promessa de enriquecimento.

O maior tesouro que podemos acumular não está nos bancos da terra, mas no Reino dos Céus.

domingo, 13 de abril de 2025

Ensinar a pensar
O que a educação de elite não quer dividir?
                                                                        
Por João Ricardo Nogueira 

St. Paul’s School
St. Paul’s School — Foto: Divulgação
Você sabe o que realmente se ensina nas escolas da elite?

Pouca gente para pra pensar nisso, mas há algo curioso no modelo educacional das instituições mais caras e exclusivas do Brasil.

Nessas escolas, o ensino vai muito além de decorar fórmulas, datas e regras gramaticais. Muito além do inglês fluente e dos laboratórios modernos, há algo mais sutil — e poderoso — acontecendo.

O foco está em algo que a maioria das escolas públicas e privadas tradicionais não oferece. E não estamos falando apenas de estrutura física moderna ou tecnologia de ponta.

A verdadeira riqueza dessas instituições está no modelo pedagógico, no desenvolvimento do pensamento crítico. Nessas escolas, os alunos são ensinados a pensar, argumentar, questionar, resolver problemas reais. O que se busca é algo mais profundo: a compreensão real do conhecimento e o desenvolvimento da autonomia intelectual.

Há alguns anos, tive a oportunidade de conhecer uma escola internato de elite. Os alunos moravam lá e estudavam em tempo integral. O campus parecia um cenário de filme: jardins impecáveis, salas modernas e arborização exuberante.

Um detalhe me chamou a atenção — a maioria das salas de aula não seguia o modelo tradicional. As cadeiras estavam dispostas em círculos, criando um ambiente de diálogo e troca, e o foco: ensinar a pensar, não decorar.

Fiquei impressionado ao perceber que a estrutura pedagógica era tão refinada quanto o próprio campus.

Os alunos eram desafiados a pensar, explicar, reinterpretar e até questionar o que aprendiam, ou seja, a compreender profundamente e reanalisar constantemente o conhecimento que estavam aprendendo. Era uma pedagogia viva, ativa, onde o conhecimento fazia sentido no mundo real.

Ali estudavam filhos de banqueiros, de empresários multimilionários. E talvez fosse exatamente por isso que as mensalidades eram mais altas que o ganho anual de um trabalhador comum.* A verdadeira “joia” daquela escola não era a tecnologia ou o luxo, mas o ensino crítico e reflexivo.

Essas escolas praticam o que muitos educadores chamam de pedagogia ativa, investigativa ou crítica. O aluno deixa de ser um receptor passivo de informações e passa a ser protagonista da sua própria aprendizagem.

Em vez de repetir o que o livro diz, ele aprende a interpretar, conectar ideias, fazer perguntas e tirar conclusões. Tudo isso em um ambiente que estimula a criatividade, o diálogo e a colaboração.

Soa como inovação? Pois é exatamente o oposto do modelo tradicional, onde a aula é centrada no professor, a prova é uma maratona de memória e o erro é um fracasso, não uma oportunidade.

Mas o que mais me impressionou foi perceber que aquele método… tinha nome.

Agora vem a parte curiosa — e, talvez, para alguns, incômoda:

O método que a elite critica — mas usa.

Sim, aquele modelo pedagógico centrado no diálogo, na construção conjunta do conhecimento e no estímulo ao pensamento crítico tem nome e sobrenome: Paulo Freire.

Sim, o mesmo Paulo Freire que muitos setores das elites brasileiras criticam duramente, acusando de ideologizar o ensino público, é o pensador cuja metodologia — adaptada — forma a base da educação das elites. Essa pedagogia moderna, valorizada pelas melhores escolas do país.

A diferença? Nessas escolas, o aspecto político da pedagogia freiriana é cirurgicamente removido.

O que resta é uma versão “gourmet” de Freire: sem a luta dos oprimidos, sem a conscientização social, sem a crítica à desigualdade.

Mas tudo o que ele defende como essência pedagógica está lá:

    • o diálogo como método,

    • o conhecimento construído com base na realidade do aluno,

    • o professor como mediador,

    • o aprendizado pela problematização e pela experiência concreta.

É curioso — e revelador — que justamente quem acusa Freire de “doutrinar” o ensino público escolha, para seus próprios filhos, uma pedagogia que ele mesmo teorizou com maestria.

A elite brasileira, talvez sem perceber (ou percebendo muito bem), não rejeita Paulo Freire. Rejeita apenas sua proposta de emancipação social.

A pedagogia freiriana funciona, é valorizada, dá resultados — mas apenas quando não ameaça a estrutura de poder vigente.

Talvez esteja na hora de repensar essa contradição. Não seria mais honesto reconhecer que o problema nunca foi o método, mas quem ele poderia libertar?

Afinal, aplica-se Freire para os milionários, decoreba para os pobres…


*Para que não confundam com escolas privadas comuns, existem escolas no Brasil em que apenas a matrícula chega a R$ 60 mil, e cujas mensalidades ultrapassam os 10 salários mínimos.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024





Por que a Apple coloca o Marketing 
à frente das Decisões Estratégicas?

Por João Ricardo Nogueira

Empresas como a Apple, HubSpot e Procter & Gamble (P&G) têm algo em comum que vai além de seus produtos inovadores: elas colocam o Marketing no centro das decisões estratégicas. Esse modelo tem se mostrado cada vez mais eficaz em um mercado saturado, onde a capacidade de adaptação e a agilidade em entender as necessidades do consumidor podem ser a chave para o sucesso.

Essas empresas compreendem que, para alcançar a liderança de mercado, é necessário mais do que apenas vender. Elas sabem que o Marketing digital, alimentado por dados precisos e pelo rastreamento contínuo do comportamento do consumidor, é a ferramenta que permite a identificação de oportunidades e a personalização de suas ofertas. Esse foco no Marketing permite que tomem decisões mais rápidas e precisas, com base em dados reais e não em suposições.

No contexto atual, o Marketing vai além da comunicação com o público. Ele é o ponto de partida para a definição de estratégias que influenciam diretamente o posicionamento de mercado, o desenvolvimento de novos produtos e a criação de experiências personalizadas para os consumidores. A Inteligência de Dados, por exemplo, se tornou um diferencial importante. Ferramentas de trackeamento e rastreamento das ações dos consumidores permitem que as empresas monitorizem o comportamento em tempo real. Isso oferece uma visão detalhada do que funciona e do que não funciona nas campanhas, ajustando as estratégias instantaneamente para obter os melhores resultados.

O uso de Inteligência Artificial (IA) também entra nesse cenário como um aliado poderoso. Integrada com automações, a IA consegue analisar grandes volumes de dados e gerar insights estratégicos que antes seriam impossíveis de identificar. Por meio de integrações sofisticadas, essas tecnologias conseguem otimizar campanhas, segmentar públicos de forma mais precisa e antecipar tendências de mercado, tudo em tempo real. Dessa forma, o Marketing não só responde mais rapidamente às mudanças, como se antecipa a elas, criando uma vantagem competitiva crucial.

A adaptação rápida às novas tecnologias é outro fator que coloca as empresas que adotam esse modelo à frente. A transformação digital não é mais opcional, é uma exigência para se manter relevante. As empresas que sabem usar as ferramentas de marketing digital de forma eficiente conseguem não apenas sobreviver, mas prosperar em um ambiente cada vez mais competitivo. O marketing, alimentado por dados e tecnologias de ponta, permite que as empresas se adaptem com rapidez às novas demandas do mercado, se destacando frente aos concorrentes.

Esse modelo, centrado no Marketing, tem sido fundamental para o sucesso de empresas como Apple, HubSpot e P&G. Elas não só dominam seus mercados com produtos inovadores, mas também têm um controle estratégico claro sobre como seus consumidores pensam e se comportam. O Marketing digital, com sua capacidade de gerar dados e informações acionáveis, dá a essas empresas a base necessária para tomar decisões rápidas, eficazes e precisas.

Ao colocar o Marketing à frente das decisões estratégicas, essas empresas demonstram que o sucesso no mundo de hoje não é mais apenas sobre vender. É sobre entender profundamente o consumidor, antecipar suas necessidades e adaptar-se rapidamente às mudanças do mercado. Em um mundo digital, quem domina os dados e as tecnologias de marketing está à frente da competição.

E sua empresa, está preparado para este novo cenário?


*João Ricardo Nogueira é Especialista em Marketing de Peformance e Trackeamento Avançado na NConecta. Sua atuação é focada no Marketing Imobiliário onde é expert em multiplicar o VGV de Construtoras.

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Você sabia que o maior país do mundo seria hoje cristão?

Por João Ricardo Nogueira

 Hoje era para a Índia ser o maior país cristão do mundo, mas a Índia hoje tem menos de 3% da população cristã. Sim, a Índia é hoje o maior país do mundo em população. Segundo a ONU, a Índia tem hoje 1,428 bilhão de habitantes, enquanto a China tem 1,425 bilhão, uma diferença de 3 milhões de habitantes, o que torna a Índia o maior país do mundo.

Gandhi ficou conhecido por sua liderança no movimento de independência da Índia e por promover a não violência como uma força transformadora. Gandhi recebeu o título de Mahatma, que significa "grande alma". Ele passou a ser conhecido como Mahatma Gandhi, mas também é chamado na Índia de Bapu, que significa "pai" em hindi. Ele é considerado o Pai da Nação na Índia por seu papel na luta pela independência do país.

Mahatma Gandhi era advogado e, durante um período de estudo na África do Sul, ficou impressionado com os ensinamentos de Jesus. Ele considerava Jesus um mestre e uma fonte de inspiração para sua busca pela justiça e não violência. Ele estava estudando direito e começou a estudar a Bíblia. Gandhi estava revoltado com a corrupção e o sistema de castas de sua religião de origem. Então ele conheceu Jesus de Nazaré e ficou apaixonado pelos princípios cristãos e disse: "É isso que o mundo precisa!" Começou a estudar mais e resolveu visitar uma Igreja Cristã.

Então Gandhi foi a uma igreja porque queria conhecer mais a Jesus. Mas ele foi tão maltratado e escorraçado apenas por não ser branco. E ele chegou à conclusão: tem algo errado, se Ele (Jesus) era tão bom assim, por que os seguidores dele são desse jeito? E apesar de seu profundo respeito pelos ensinamentos de Jesus, ele explicou sua posição afirmando: "Eu não me torno cristão por causa dos cristãos". Gandhi via um conflito entre os princípios de Jesus e a conduta dos cristãos que conheceu na época.

Sua decisão de não aderir ao cristianismo, apesar de sua admiração por Jesus, é um exemplo do pensamento independente e das convicções profundas que caracterizaram sua vida. Gandhi não estava interessado em seguir uma religião por tradição ou pressão social; ele estava comprometido em viver de acordo com seus próprios princípios de justiça, igualdade e não violência.


Então ele se retraiu do cristianismo, foi para a Índia e liderou o movimento de independência do país, fez uma revolução pacífica e pregou a não violência ao ponto de ser chamado de Mahatma Gandhi, a grande alma. Agora, imagine se esse mesmo Gandhi tivesse sido bem recebido na igreja, tornando-se cristão? Provavelmente hoje a Índia seria o maior país cristão do mundo.

E sua igreja, como tem recebido os diferentes? Como Cristo receberia, ou como os Fariseus?

A história de Mahatma Gandhi nos convida a uma profunda reflexão sobre como os seguidores de Cristo são percebidos pelos outros e como eles se relacionam com o mundo ao seu redor. Gandhi, apesar de sua admiração por Jesus, viu uma discrepância entre os princípios cristãos e a conduta dos cristãos que ele encontrou em sua jornada. Hoje, como cristãos, temos a oportunidade de avaliar como nossas ações refletem os ensinamentos de Cristo. Seremos verdadeiramente reconhecidos pelo amor, compaixão e não violência que Cristo ensinou? Ou faremos arminha com as mãos, correndo o risco de sermos vistos de maneira diferente da fé que professamos?

domingo, 27 de agosto de 2023

Sabe por que pagou quase 9 reais no litro da gasolina em 2022? E por que hoje está praticamente pela metade deste valor?

 Por João Ricardo Nogueira

Você lembra quanto pagava na gasolina em 2022? Você sabe o porquê o preço da gasolina chegou a quase 9 reais por litro em algumas cidades do Brasil?


Sabe por que isso aconteceu e quem foi o responsável por isso? Em resumo, foi por uma escolha do governo Bolsonaro, que deliberadamente mudou a política de preços da Petrobras impondo o PPI no preço dos combustíveis para beneficiar acionistas, mesmo em detrimento do Brasil e da grande maioria dos brasileiros.


Moro em Sorocaba, no interior de São Paulo, e vou usar os dados daqui como exemplo. Mas você pode conferir, se quiser, na Agência Nacional do Petróleo (ANP) os dados da sua cidade, com certeza não mudou muito. Você vai ver que a situação foi parecida em todo o Brasil.


Em 2022, o Governo Bolsonaro mandou a Petrobras praticar o chamado PPI e seguir os preços dos combustíveis lá de fora, sem se importar ou considerar os reais custos de produção aqui dentro. Essa política fez com que os preços dos combustíveis subissem conforme o mercado internacional e o dólar. Isso foi bom apenas para os acionistas da empresa, mas foi péssimo para os brasileiros, que viram os preços dos combustíveis dispararem, o que impactou diretamente na inflação de quase tudo, devido ao aumento dos custos do transporte impactados pela mesma política de preços que também afetou o preço do diesel.


Em Sorocaba, por exemplo, o preço mais alto do litro de gasolina foi de R$ 8,949, cobrado pelo Posto G, que fica na Av. General Carneiro, 1234, Vila Lucy. Esse preço foi registrado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) na semana de 27/03 a 02/04/2022. Esse foi o preço mais caro registrado na cidade pela ANP, que fiscaliza os preços dos combustíveis em todo o país.


Agora, compare esse preço com o valor mais baixo do litro de gasolina em Sorocaba neste ano de 2023. O Posto Free Shop, que fica na Av. Dr. Afonso Vergueiro, 1703, Vila Casanova, cobrou R$ 4,49 por litro de gasolina em 26/08/2023.


O que representa uma variação de 49,81%, afinal, a diferença entre o preço mais alto e o mais baixo do litro de gasolina em Sorocaba foi de R$ 4,459. Isso significa que, no ano passado, você pagava quase o dobro pelo mesmo litro de gasolina. Isso é um absurdo!


Essa diferença é por causa da política de preços da Petrobras, que mudou completamente neste ano, depois da decisão do atual governo. Que prometeu "abrasileirar" o preço dos combustíveis, ou seja, levar em conta os custos reais de produção da Petrobras e a realidade econômica e social do país. Que para isso, mudou a forma de calcular os preços dos combustíveis. Agora, a Petrobras pratica preços mais justos com o mercado nacional e com a participação de mercado da empresa em cada um dos combustíveis.


Em Sorocaba, o preço da gasolina no Posto Free Shop por exemplo, vem caindo nas últimas semanas, reduzindo R$ 0,10 a cada semana. A mudança na política de preços da Petrobras trouxe alívio para os consumidores e também para os donos de postos de gasolina. Sim, isso mesmo, você leu corretamente. Afinal até os donos de postos foram prejudicados com a alta de preços de 2022.


Afinal nem todos os postos de gasolina sobreviveram à crise provocada pela política de preços de Bolsonaro. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Paiva Gouveia, muitos postos fecharam as portas em 2022 por causa da queda nas vendas e da dificuldade em repassar os aumentos aos clientes. Só em Sorocaba, pelo menos cinco postos encerraram suas atividades em 2022 por conta da crise no setor.


O aumento de preço dos combustíveis em 2022 afetou não só os empregos e os impostos gerados pelo setor com fechamento dos postos de gasolina, mas também toda a economia do país. A alta dos combustíveis causou um aumento nos custos de transporte de tudo, desde alimentos até medicamentos. Isso provocou uma inflação que corroeu o poder de compra dos brasileiros, que já sofriam com o desemprego e a pandemia.


Portanto, é importante que você saiba que o preço da gasolina não é uma coisa que depende só do mercado ou do dono do posto. O preço da gasolina é uma coisa que depende muito do governo, que é o principal acionista e gestor da Petrobras. Por isso, é fundamental que você cobre do governo uma política de preços justa e transparente, que respeite os interesses do povo e do país.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

A Internet e o Culto a Ignorância

Por João Ricardo Nogueira

É normal hoje em dia não sabermos telefones de cabeça, afinal temos celulares com agendas para isso não é mesmo? Me lembro que a alguns anos atrás, antes dos smartphones, eu sabia de cabeça mais de 30 números e por incrível que pareça, isso era normal na época.


A poucos dias eu estava conversando com um familiar sobre um tema teológico, divergimos pontualmente em um determinado assunto que não vem ao caso aqui, mas o ponto é que a pessoa em vez de pegar a bíblia ou mesmo tentar argumentar de sua própria cabeça com o conhecimento que possuía, imediatamente foi ao Google pesquisar o assunto.


É obvio que tecnologia facilita a nossa vida e não precisamos decorar telefones, mas não podemos transferir nossa capacidade intelectual de racionalizar para a internet através de uma busca sobre o assunto... Quando foi que paramos de pensar?


Em pleno século 21, voltamos discutir se a terra plana, eficiência das vacinas e até o nazismo voltou ao debate. O achismo viraliza e a ciência e o saber científico é questionado... Antigamente existia harmonia sobre estes temas já superados e fora de debate, como “a Terra é redonda”, “Vacina é boa”, “nazismo é ruim”, etc.


Der repente, o conhecimento formal acumulado por séculos de estudos científicos, virou apenas uma questão de opinião. Afinal uma pessoa hoje, simplesmente faz um post e afirma que, na sua opinião, "a Terra é plana” e a sociedade não apenas aceita o debate como da voz a um absurdo desses.


O Brasil de hoje está pagando um alto preço como consequência de séculos de desprezo a educação e ao conhecimento. Deixamos de ser colônia a dois séculos, este ano completaremos 200 anos de independência, mas nossa cultura ainda hoje é colonizada. Precisamos urgentemente, superar essa cultura de apologia a ignorância e entender de uma vez por todas que só a educação formal poderá transformar nosso país e nos dar a verdadeira independência.


Este ano de 2022, por ser um ano eleitoral, com certeza será um ano em que novamente as fakenews vão dominar os grupos de whatsapp e as redes sociais. Combater isso é como enxugar gelo, afinal quem acredita em fakenews e as dicemina, normalmente são pessoas com baixo raciocínio crítico. Exatamente por isso, essas pessoas são o principal alvo de estruturas montadas para disseminar informações e notícias falsas, afinal por não questionarem, acreditam facilmente nas fakenews.


Diante disso, a pergunta que fica é:
Como promover o raciocínio crítico, em pessoas que questionam vacinas e acreditam em terra plana?

domingo, 3 de outubro de 2021

𝙊 𝙋𝙏 𝙚 𝙖 𝙊𝙧𝙞𝙜𝙚𝙢 𝙙𝙤 Ó𝙙𝙞𝙤 𝙋𝙤𝙡í𝙩𝙞𝙘𝙤

Por João Ricardo Nogueira

Começo este texto afirmando claramente, que não se trata de uma generalização. No PT existem Muitos (com 'M' maiúsculo) democratas e que são pessoas do bem, aliás a grande maioria das que eu conheço. Porém sempre existiu uma parcela sectária no PT, daqueles que não toleram a democracia e que se julgam no direito de impor suas opiniões e suas verdades como absolutas e hegemônicas. É natural do debate político a divergência, mas é com argumentos que se constrói, não com imposição. Infelizmente desde minha adolescência na época do movimento estudantil, eu conheci este lado ruim de alguns petistas. Fui líder estudantil em Cuiabá-MT, e na minha época de militância estudantil fui presidente da ACES e da AME, respectivamente entidade da capital e a estadual de MT. Na época tive uma pequena oposição de militantes do PT e do PC do B, que não aceitavam o fato de um cara que havia recém chegado do RJ ser eleito presidente da principal entidade juvenil do estado de MT. Até aí tudo bem, já perdi eleições e sei como isso é ruim. Mas sempre respeitei o resultado das urnas, afinal democratas de verdade aceitam derrotas. Mas o estranho durante este período, foi ter sido alvo de campanhas difamatórias e de fakenews que chegaram a produzir uma espécie de ódio em pessoas que sequer me conheciam. Militantes da Juventude do PT e da UJS (Juventude do PC do B), que nunca tinham sequer me visto pessoalmente ou mesmo trocado uma palavra comigo, mas que já haviam decidido me odiar. O mais contraditório em tudo isso, é que até hoje, as principais conquistas do movimento estudantil de MT, ocorreram durante meus mandatos e literalmente foram fruto de movimentos liderados por mim a frente do movimento estudantil. Como por exemplo o Passe Livre que este ano, aliás em breve, completará 20 anos de aprovação. Este breve relato pessoal, é apenas para demonstrar que esse radicalismo político não é de hoje, e que esse clima de polarização e ódio sempre existiu e em grande parte foi cultivado por grupos dentro do PT. Mas por outro lado, no PT também existem grupos os quais admiro desde sempre, como a ala que se envolvem com as pastorais por exemplo, bem como os movimentos sindicais os quais sempre tive boa relação. Mas a motivação deste texto é questionar o que ocorreu ontem na Avenida Paulista. Neste último sábado dia 02 de outubro de 2021, houveram manifestação em 14 capitais e em várias cidades pelo #ForaBolsonaro. Estes movimentos foram organizados de forma suprapartidária e com ampla adesão de movimentos sociais e entidades de classe. Um movimento politicamente plural, com espaço para todos os democratas. Ao menos aqueles que de fato colocam o Brasil acima das questões eleitorais… O fato é que durante a fala de Ciro Gomes, militantes do PT tentaram a todo custo atrapalhar com batucadas e vaias. Até aí, discordo mas tudo bem, apesar de ser uma atitude idiota, não passa disso. Mas o que me chamou atenção e me indignou muito, foi tentarem o agredir fisicamente jogando algum objeto contra ele, como mostrou claramente as imagens divulgadas pelo Metrópoles, que mostra a tentativa de agressão e a pessoa sendo contida no ato em flagrante delito. Tentei resistir ao discurso de que o PT quer manter a todo custo a polarização com Bolsonaro, para promover um segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o que garantiria a eleição de Lula no segundo turno como avaliam os petistas. Mas a ampla campanha de desmobilização do ato do dia 12 de setembro, somados a estes últimos acontecimentos deixam claro que este argumento não é apenas retórica, mas encontra respaldo nos fatos. Infelizmente o PT está deixando claro a todos, que a única coisa que importa (a eles) é a eleição do Lula. E é exatamente este tipo de comportamento odiento, sectário e antidemocrático que vai criar a conjuntura necessária para a ruptura desta bolha de polarização que o PT tenta manter a qualquer custo. Por fim, deixo aqui uma pergunta aos petistas democratas. Por que Lula não participou dos atos de ontem?

domingo, 5 de setembro de 2021

O que vai acontecer no dia 7 de setembro? Vai ter golpe?

                                                                                                               Por João Ricardo Nogueira

Os que estão apostando em algum tipo de revolução armada com uma ruptura constitucional no dia 7, no dia 8 vão estar frustrados. E acredito que criar essa expectativa nos bolsonaristas, foi um grande erro do Jair, pois vai decepcionar a muitos mais uma vez... Bolsonaro nunca teve a maioria do povo ao seu lado. E a cada dia que passa aumenta o número de ex-apoiadores decepcionados com o atual mandatário.

É um fato inegável que o bolsonarismo tem sim muita força política, aliás tanto é verdade que existe uma parcela que é tão fanática no meio bolsonarista, que se transformaram em uma espécie de seita quase que religiosa. Chegam ao ponto de serem tão influenciados, que com muita facilidade negam fatos da realidade concreta, e acreditam em coisas absurdas como terra plana e coisas do tipo. Mas para quem acredita até na idoneidade moral deste senhor que como deputado, superfaturava em seu gabinete até a gasolina, nem vou falar de rachadinhas... Mas obviamente uma parcela pequena de fanáticos, mas existem!

Mas a verdade, é que Bolsonaro está derretendo politicamente. A cada dia é mais comum ver ex-apoiadores frustrados com o mandatário que alegam arrependimento com o voto. Muitos, porém, apesar de confessarem isso no particular, em público continuam demonstrando total apoio. Em boa parte, esse apoio é hoje só da boca para fora e/ou por algum nível de pressão, seja por vínculos familiares ou mesmo para não se sentirem deslocados nos grupos sociais em que estão inseridos.

Em 2018, 89 milhões não votaram no Bolsonaro, contra 57 milhões que votaram. Segundo o TSE em 2018, haviam 147,3 milhões (147.306.294) de eleitores aptos a votar, mas dos 115,9 milhões (115.933.451) que foram as urnas. Apenas 57,7 milhões (57.797.847) votaram em Bolsonaro. O que significa que 89,5 milhões (89.508.447) de eleitores não votaram em Bolsonaro.

Mas diante dos últimos acontecimentos, muitos tem se questionado sobre o que vai acontecer no Brasil a partir do dia 8 de setembro, muitos estão acreditando em uma espécie de revolução que vai fechar dois, dos três poderes e legitimar Bolsonaro como poder único e absoluto no país. Será? O fato é que não estamos mais em 64, período da guerra fria em que o mundo estava dividido e no qual existia uma espécie de vale tudo na geopolítica mundial. Tanto é que o próprio golpe de 64 foi articulado e apoiado pelos Estados Unidos através da Operação Condor da CIA.

Mas hoje a realidade é completamente diferente. Prova disto é que o próprio comando das três armas acabou sendo trocado recentemente, em uma clara demonstração de que as forças armadas não dariam guarida para aventuras golpistas. Mas mesmo que essa conjuntura mudasse, e que por alguma insanidade momentânea o Jair conseguisse o que vem tentando desde que tomou posse, ou seja, o apoio do alto comando das forças armadas para decretar uma espécie de estado de sítio ou melhor denominando, um autogolpe, mas com ele no poder é claro!

Mesmo assim, manter e consolidar isso, seria bem mais difícil considerando a atual conjuntura local e mundial. Sem falar, que caso ele consiga tal proeza, existiria aí uma possibilidade quase inevitável de uma guerra civil que justificaria uma possível intervenção externa, afinal tudo que uma superpotência precisa, é de uma boa desculpa. Afinal invadir o Brasil com a desculpa de restabelecer a democracia seria um sonho para alguns países. Quando na verdade sempre houve uma grande cobiça internacional por nossas riquezas naturais.

Em todo caso, se no dia 7 Bolsonaro de fato tentar um autogolpe, muito sangue será derramado! E aí, veremos se os fanáticos e apoiadores do golpe estarão mesmo dispostos a perder mais familiares em uma guerra civil, do que os que já perderam para a “gripezinha” do Bolsonaro. Quem viver verá!


Ps. E só para lembrar os mais afoitos, afim de que a partir do dia 8 não fiquem chorando da cadeia. A Constituição Federal prevê em seu Art. 5º (XLIV) - Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático;

sábado, 28 de agosto de 2021

Até quando?
Custo de vida não aceita FAKE!

Por João Ricardo Nogueira

Segundo a ANP em 2015 o preço médio da gasolina no Brasil foi de R$3,34. Neste mesmo ano, a então presidenta Dilma foi alvo de uma das maiores campanhas de ódio já vistas em nosso país. Quem não se lembra dos adesivos da Dilma e corpo de mulher de pernas abertas colado na entrada do tanque de combustível dos carros?

Com a gasolina já passando de R$7,00 em alguns lugares do Brasil como em Recife por exemplo, onde estão essas mesmas pessoas que colaram o tal adesivo em seus carros? Quando vão se indignar? Hoje essas pessoas hipocritamente estão defendendo o atual presidente.

Não foi por acidente, mas sim por uma decisão POLÍTICA que a Petrobras paralisou parcialmente algumas de suas refinarias. Só para justificar a importação de combustível, afinal desde o governo Lula o Brasil já era autossuficiente em produção de combustível.

Este fato associado a outra decisão política do Bolsonaro/Paulo Guedes, de manter a operação do preço atrelada ao mercado internacional (apenas para remunerar alto os acionistas da Petrobras na Bolsa de Nova Iorque), associado ao valor atual do dólar, faz com que o litro de nossa gasolina chegue neste valor absurdo.

Até quando o brasil vai permitir essas atitudes criminosas contra nosso país para beneficiar o dito “mercado”? Isso é crime de lesa-pátria e o Bolsonaro será julgado por isso. Enquanto isso, faz arminha com a mão que passa!

domingo, 9 de agosto de 2020

Conformidade Social - O Experimento!

Por João Ricardo Nogueira

Você já percebeu como nós temos tendência em repetir alguns comportamentos, mesmo num primeiro momento não concordando com eles? Por exemplo, você está andando na rua, e alguém olha pra cima. Você, num primeiro momento, até resiste em fazer o mesmo movimento, mas então mais uma pessoa olha, e mais uma, e mais uma. Você não resiste, e quando percebe já olhou para cima também.


Você já se perguntou o porque faz algumas coisas? Já se viu repetindo comportamentos que no fundo até discorda? Sabe por que você faz essas coisas?

Em 1951 Solomon Asch realizou uma série de experimentos que ficaram conhecidos pelo nome genérico de “o experimento de Asch”.

A Conformidade Social, ficou nitidamente provada nos experimentos de Asch, que demonstraram significativamente o poder da conformidade nos grupos. Asch foi um pioneiro da psicologia social, que em 1951 realizou uma série de experimentos cujo principal objetivo era provar que as pessoas se submetem ao poder do grupo, adotando uma atitude de conformidade em relação a este.


O experimento consistia em formar um pequeno grupo de 7 a 9 estudantes. Todos eles, exceto um, faziam parte do experimento e eram cúmplices do pesquisador. Algumas linhas eram mostradas a todos eles, e o pesquisador pedia que cada um indicasse qual linha era maior. A resposta correta era nítida e muito evidente, apesar disso os cúmplices um a um apontavam uma das opções erradas como se fosse a opção correta. Isso fazia com o que o sujeito que estava de fato sendo avaliado – o único que não era cúmplice – sentisse uma forte pressão do grupo para responder a mesma opção, e mesmo contra a sua lógica de que havia outra linha maior este acabava acompanhando a opinião do grupo.


Uma grande parte dos que eram avaliados acabavam trocando suas respostas, escolhendo a resposta da

maioria ainda que evidentemente ela estivesse errada. Asch se perguntou também se as pessoas que davam essa resposta errada, estavam realmente convencidas de que a resposta era aquela. Ele descobriu que não: o número de pessoas que escolheram a linha errada diminuiu consideravelmente quando havia a opção de dar a resposta de forma privada. Desse modo, a influência se manifestava principalmente pelo fato de os outros verem sua resposta.


Para complementar o estudo, Solomon Asch fez algumas variações. A primeira foi introduzir um sujeito (que também fazia parte do experimento) que rompesse com a maioria. Asch comprovou que o simples fato de alguém romper o consenso, diminuía consideravelmente o número de sujeitos experimentais que escolhiam a opção errada, pois o fato de ter mais alguém contra a maioria os dava a confiança de opinar o que de fato acreditavam, pois se sentiam respaldados pela opinião de outra pessoa.


Os experimentos de Asch, ainda que criticados, trouxeram uma visão diferente e original de como podemos ser influenciados e condicionados pela opinião da maioria em um determinado grupo. Quanto mais um grupo exibir determinado tipo de comportamento, mais os outros membros do grupo se sentirão pressionados a adotar o mesmo comportamento, e antes que você possa notar todos estarão fazendo exatamente a mesma coisa. Ao final deste artigo existe um vídeo muito interessante demonstrando na prática os conceitos aqui relatados, vale a pena ver como esse processo ocorre naturalmente.


De acordo com o Psicólogo Social Mucchielli, o conformismo* é a atitude social que consiste em se submeter às opiniões, regras, normas, e modelos que representam a mentalidade coletiva ou o sistema de valores do grupo ao qual uma pessoa pode aderir a fim de ser tornar parte do grupo.


A teoria da conformidade social é um pouco preocupante quando você pensa em algumas situações cotidianas, como crianças que são forçadas a permanecer longos períodos de tempo convivendo em grupos a que muitas vezes elas não escolheram pertencer (como uma turma na escola, por exemplo).

Ou ainda na área financeira, onde um movimento em que os investidores seguem determinada direção acaba polarizando a tendência do mercado, o famoso efeito manada. Atitudes semelhantes também são observadas em algumas religiões, partidos políticos, no mundo da moda e em diversos outros grupos cujas preferências dos indivíduos mudam com o tempo. 


O fato é que, seja de maneira consciente ou não, todos estamos sujeitos às pressões do ambiente. O que precisamos é ficar atentos a essas armadilhas e identificar que tipo de decisões tomamos por nossa própria vontade consciente e quais tomamos apenas para não ir contra a multidão. As famosas fake news são uma grande prova de como isso tem afetado muitas pessoas que replicam notícias e “opiniões” sem sequer terem refletido sobre elas, afinal se tivessem o mínimo cuidado de averiguar as variáveis da informação afim de formar a própria opinião com base em fatos concretos, perceberiam estar diante de mentiras e manipulações dissimuladas.


Mas porque as fake news estão tão fortes nos dias atuais? Em parte devido ao poder da autoridade. O Psicólogo Stanley Milgram desenvolveu a Experiência de Milgram. Ele fez um estudo sobre como as pessoas tendem a obedecer às autoridades, mesmo que estas contradigam o bom-senso individual. A experiência pretendia inicialmente explicar os crimes inumanos do tempo do Nazismo.


Milgram conseguiu provar com sua experiência, que as pessoas de fato podem contradizer o que acreditam ser certo para obedecer uma autoridade, mesmo que obedecer à autoridade possa significar machucar ou até mesmo levar uma outra pessoa a morte. Além destas tristes constatações, em suas experiências, Milgram também conseguiu constatar que a presença de mais uma pessoa, além da autoridade, muda o comportamento daquela devido à sua influência, ou seja, a pessoa toma uma decisão diferente por observar os valores da outra pessoa além dos próprios.


Diante destes estudos, fica mais fácil entender como funciona o mecanismo que dá força às fake news, afinal estão aí inseridas duas fortes influências psicológicas. A autoridade e o conformismo social. Autoridade pois normalmente quem replica as notícias falsas, o fazem por que receberam de alguém em quem confiam e que por isso, exercem algum nível de autoridade sobre elas, bem como muitas vezes recebem essas notícias em grupos, seja de whatsapp ou outras redes sociais. O fato é que estão inseridas em grupos onde ninguém questiona a autoridade ali estabelecida e a veracidade da informação, afinal questionar é confrontar o grupo e isso faria a pessoa se sentir deslocada no meio da manada.


A pergunta que fica é, você está em uma manada? Só ao responder isso pra si mesmo da maneira mais honesta possível, você será capaz de perceber a manipulação da qual pode estar sendo uma vítima, ou também pode se dar conta de que é você o manipulador...

Assistam ao vídeo abaixo para ver na prática como funciona a conformidade social.


Conformidade Social – O Experimento. 

*Segundo a Wikipedia, Conformidade é a condição de alguém ou grupo de pessoas, estar conforme (do lat., com- “junto” + formare “formar”, “dar forma” = com a mesma forma) o pretendido ou previamente estabelecido. Quando a conformidade se dá por submissão, consciente ou inconsciente, é usual dizer-se que ocorreu uma situação de conformismo. Quando um indivíduo ou um grupo reclama ou reage à submissão, não se conformando a crenças ou comportamentos, ocorre o que usualmente se chama de inconformismo.