segunda-feira, 22 de outubro de 2007

O Gago e o Orador

Por João Ricardo Nogueira
Dando uma sapeada na internet, descobri que dia 22 de outubro, é o Dia Internacional de Atenção a Gagueira. Notícia praticamente sem nenhuma importância, para a maioria das pessoas, com exceção, é claro, aos Gagos como eu.

Descobri que no Brasil, existem aproximadamente quase dois milhões de pessoas com esse incômodo distúrbio da fala. Segundo as estatísticas que afirmam ter 1% da população, esse problema.

Comecei a refletir como a sociedade de modo geral trata dessa deficiência verbal, que acomete algumas pessoas. Diferentemente de qualquer outra deficiência, que normalmente gera um sentimento de pena e piedade nas pessoas, a gagueira normalmente é motivo de piadas e chacotas.

Graças a Deus, eu nunca tive problemas com isso, pois sempre tive uma postura auto-afirmativa, inclusive à gagueira nunca me impediu de falar em público, feito considerado difícil à maioria das pessoas de fala normal.

Recordei-me de uma aula do Professor Castro, no antigo Colégio Expressão, onde ele fez uma referência a um Grego, que teria sido o maior orador da história, e que o mesmo teria sido gago, até se curar com um procedimento nada convencional, de usar pedrinhas na boca. A princípio, achei se tratar de alguma piada, o que era muito comum naquelas salas de aula, entre todos os Professores que tinham uma grande habilidade em prender a atenção dos estudantes, contando piadas e anedotas uns dos outros.

Resolvi dar uma pesquisada no assunto, e descobri a existência de Demóstenes, que de fato foi considerado o maior Orador Grego da História, e que era realmente gago.

Demóstenes é o maior exemplo de que a arte da oratória não é um dom inato, mas que pode ser aprendida pelo estudo e pela prática. O maior orador da Grécia fracassou redondamente na sua primeira tentativa de falar em público.

Segundo pesquisei, o mesmo teria sido motivo de grande chacota, quando pela primeira vez resolveu falar ao público, nas famosas assembléias de Atenas. Em outra ocasião, a assembléia recusou-se a ouví-lo.

Mas o que mais me chamou atenção nesse personagem histórico, não foi somente a cura de sua gagueira e sua ascensão como orador, mas sua coragem de defender seus ideais. Pois no auge do sucesso de Felipe da Macedônia, como conquistador de povos, em plena campanha da Grécia, Demóstenes faz discurso contra Felipe, e encoraja aos concidadãos atenienses a enfrentar o invasor.

Que exemplos como esses, nos tragam a uma maior reflexão sobre a oportunidade que perdemos ou cerceamos a alguém, de superar-se. Quem sabe quantos Demóstenes não foram calados, ou quantos Einstein reprimidos? Por serem considerados incapazes na infância, como ocorreu com Albert Einstein, que era considerado retardado na infância, e que veio a ser uma das mentes mais brilhantes de nossa História.

Por tudo isso, deixemos os preconceitos de lado, e passemos a valorizar cada nova oportunidade que nos é dada, de engrandecer a humanidade.


Alguns sites que publicaram este artigo:

2 comentários:

Joel Vieira disse...

Ola tb sou gago mas diferente de voçê nao me sinto tão a vontade para falar em público.
Estou tentando achar um assunto mais especifico para elaborar um trabalho que talvez sera meu TCC sobre disturbios da fala com foco na gagueira.

Tb tenho um blog
quando der visita la
Comentarios/elogios/criticas
sao bem vindas

Anônimo disse...

Meu nome é Elias Coimbra, tenho 26 anos e também sou gago. Antigamente me sentia mais à vontade para falar em público. Quando falava em público falava fluentimente sem gagueijar nada. Agora estou estudando Filosofia e quando tenho que apresentar um trabalho em sala de aula, gagueijo do começo ao fim, isso me deixa muito triste, meus colegas são muito legais e compreendem a minha dificuldade e sempre me incentivam. Mas eu gostaria de ser diferente, na verdade nã me aceitei como sou, é isso...

Meu e-mail: eliascoimbra@hotmail.com